quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Dom Bosco e o primeiro Oratório

P. Antônio da Silva Ferreira, sdb

Ordenado sacerdote, Dom Bosco vai estudar em Turim, na Itália. Segundo o padre Cafasso, um sacerdote da têmpera de Dom Bosco não podia ser perdido pela diocese nem simplesmente integrado nas estruturas paroquiais, pois era talhado para uma missão interna, urgente e atual. Por outro lado, nem o seu campo de trabalho estava definido. Somente os desejos eram alimentados por uma abertura de alma ao plano de Deus, na nova etapa de sua vida que assim se iniciava.
Foram predominantes em Dom Bosco as solicitudes pela juventude da cidade. O encontro de Dom Bosco com a situação dos jovens das periferias e com a completa desorientação em que estes se encontravam foi o grande estímulo ou ponto referencial concreto para que, dentro de pouco tempo, Dom Bosco realizasse um discernimento sobre o seu futuro apostolado ou campo de trabalho. De fato a pessoa histórica em atividade supera o Dom Bosco construído pelo gosto do extraordinário, do sobrenatural. Sobressaiu sempre o Dom Bosco trabalhador e lutador pelo bem dos jovens. [conforme Pe. Afonso de Castro, em A espiritualidade de São João Bosco].
O padre Cafasso tinha iniciado uma catequese para jovens, na igreja de São Francisco de Assis. Mas depois, por motivo de suas múltiplas ocupações, tinha abandonado esse trabalho. Viu em Dom Bosco quem pudesse continuá-lo. Encaminhou-o também para os cárceres, onde Dom Bosco começou a pensar em oratório: “Quem sabe – dizia de mim para mim -, se tivessem lá fora um amigo que tomasse conta deles, os assistisse e instruísse na religião nos dias festivos, quem sabe não se poderiam manter afastados da ruína ou pelo menos não diminuiria o número dos que retornam ao cárcere” (Memórias do Oratório, Editora Salesiana, p. 121). 
Falou com padre Cafasso e padre Guala, que o encaminharam para o arcebispo. Este aprovou o plano de Dom Bosco. Assim “a primeira parte da vida de Dom Bosco chegou à plena atuação na realização da vocação de padre diocesano consagrado ao apostolado juvenil e popular. A isso chegara graças a processos educativos, intencionais ou não, que marcaram estavelmente sua personalidade, enriquecendo-a progressivamente de traços característicos” (conforme Pietro Braido, em Dom Bosco Padre dos jovens..., I, p. 361).